Saúde
Descoberta a ligação entre emoções negativas e doença cardíaca
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Já é antiga a noção de que emoções negativas, estresses intensos e crises vitais, como as que ocorrem como a perda de uma pessoa querida, separação, perda de emprego, aposentadoria etc., influenciam decisivamente a saúde. Por sua vez, várias pesquisas têm mostrado que sentimentos como a ansiedade, depressão e raiva aumentam o risco de doença cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC, derrame), sugerindo uma estreita relação mente-corpo. Até o momento, entretanto, não haviam evidências experimentais que esclarecessem os mecanismos pelos quais o estresse e a regulação das emoções podem afetar o funcionamento cardiovascular.
Resultados recentes de uma pesquisa publicada na revista científica Biological Psychiatry lançam uma nova luz sobre o assunto. Os cientistas investigaram as respostas do organismo de 157 adultos, homens e mulheres, de 30 a 54 anos, que foram solicitados a controlar suas reações emocionais ao serem expostos a figuras desagradáveis. Durante a exposição os participantes tiveram as suas atividades cerebrais medidas por meio da análise de imagem funcional. A região do cérebro que controla estas reações é a mesma que controla funções viscerais implicadas na regulação do sistema imunológico (chamada de córtex pré-frontal).
O sistema imune, ao ativar respostas inflamatórias, contribui de forma decisiva no desenvolvimento da aterosclerose e suas consequências, dentre elas, a doença cardiovascular e o derrame. A inflamação, por sua vez, está altamente associada a desordens afetivas, características da regulação emocional.
Os pesquisadores mediram a espessura das paredes da artéria carótida por ultrasonografia a fim de avaliar o grau de aterosclerose nos participantes. A inflamação foi medida pela dosagem da interleucina-6 no sangue, uma substância pró-inflamatória produzida pelo sistema imune que está associada a um maior risco de doença cardíaca. Esta substância também está aumentada com a maior atividade dos neurônios da córtex pré-frontal.
A interpretação dos dados obtidos no experimento indicou que a maior atividade da córtex pré-frontal, produzida pela tentativa de controle emocional frente à situação adversa, foi associada a maiores níveis de aterosclerose e de interleucina-6, o que levou os pesquisadores à conclusão de que a regulação cognitiva das emoções desencadeia uma ativação da resposta inflamatória por maior atividade da córtex pré-frontal, produzindo aterosclerose e afetando o sistema cardiovascular.
Estes resultados, além de contribuírem para um maior entendimento da relação mente-corpo, podem servir, no futuro, de suporte para produzir potenciais ações preventivas de doença cardiovascular.